O curso de Biomedicina, no
Brasil, completou neste ano de 2016, 50 anos de existência. Desde a sua
criação, o curso sofreu diversas modificações curriculares, ampliações de suas
habilitações e qualificação de seus profissionais na área de saúde.
"Na segunda Reunião Anual da Sociedade Brasileira para Progresso da Ciência, realizada em Curitiba em novembro de 1950, foram apresentadas pelo Prof. Leal Prado, num simpósio sobre seleção e treinamento de técnicos (Cf. Ciência e Cultura 2, 237, 1950), as idéias básicas que deveriam orientar os cursos de graduação e pós-graduação em Ciências Biomédicas. Posteriormente, em dezembro de 1950, foi convocada uma reunião pelos Profs. Leal Prado de Carvalho e Ribeiro do Vale, para discutir o assunto, em que participaram representantes da Escola Paulista de Medicina, da Universidade de São Paulo, do Instituto Butantã e do Instituto Biológico" (CAMPOS, 2006).
"O objetivo do curso de
Biomedicina era o de formação de profissionais biomédicos para atuarem como
docentes especializados nas disciplinas básicas das escolas de medicina e de
odontologia, bem como de pesquisadores científicos nas áreas de ciências
básicas, e com conhecimentos suficientes para auxiliarem pesquisas nas áreas de
ciências aplicadas" (CAMPOS, 2006).
"Por meio do Parecer nº 571/66
do extinto Conselho Federal de Educação, estabeleceu-se o mínimo de conteúdo e
de duração dos currículos de bacharelado em
Ciências Biológicas –
Modalidade Médica, exigíveis para admissão aos cursos de mestrado e doutorado
no mesmo campo de conhecimento, a serem credenciados por este Órgão" (CAMPOS, 2006).
"De acordo com este Parecer,
ficaram determinadas as atividades nos trabalhos laboratoriais aplicados à
Medicina, existindo, de outra parte, amplo mercado de trabalho para pessoal
cuja formação inclua sólida base científica, que tenha o comportamento e
espírito crítico amadurecidos, de preferência no convívio universitário, e que
pretenda dedicar-se à realização de tarefas laboratoriais vinculadas às
atividades médicas. A aparelhagem necessária a essas tarefas se tornou cada vez
mais complexa, e a sua substituição por equipamento mais aperfeiçoado ocorreu
ao fim de prazos cada vez menores" (CAMPOS, 2006).
Portanto os profissionais
encarregados desses trabalhos, não poderiam ser simples operadores que
desconhecessem os fundamentos científicos do que estavam realizando. Para a
formação de pessoal com essas características, o extinto Conselho Federal de
Educação atendeu à solicitação de várias escolas médicas do País, fixando no
Parecer nº 571/66 e, posteriormente, no Parecer nº 107/70, de 4 de fevereiro,
os mínimos de conteúdo e de duração dos cursos de bacharelado em
Ciências Biológicas -
modalidade médica (CAMPOS,2006).
"Após a publicação do Parecer
nº 571/66, ocorreu a implantação do primeiro curso na Escola Paulista de
Medicina em março de 1966, (com aula inaugural ministrada pelo Prof. Leal
Prado, quase 16 anos após a apresentação inicial da ideia), e na Universidade
Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), novos cursos, (então com os nomes de
Ciências Biológicas - Modalidade Médica ou Biologia Médica) tiveram início, em
1967, na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP) e Faculdade de Ciências
Médicas e Biológicas de Botucatu (UNESP), em 1970 na Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras Barão de Mauá, (atual Centro Universitário Barão de Mauá),em
Ribeirão Preto" (CAMPOS,2006).
"Esses cursos, criados entre
1965 e 1970 tiveram seus alunos egressos rapidamente absorvidos nas disciplinas
básicas de suas próprias faculdades, ou então em outras escolas de medicina
públicas ou particulares. Porém, com exceção dessas áreas, embora formado
em curso reconhecido, o egresso encontrava sérias dificuldades para inserção no
mercado de trabalho, visto que a profissão de Biomédico ainda não era
regulamentada em lei e os exames laboratoriais, embora sem exclusividade legal,
eram realizados por médicos e farmacêuticos-bioquímicos" (CAMPOS,2006).
"A árdua luta para
regulamentar a profissão inicia-se com a participação efetiva das escolas
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Barão de Mauá (atual Centro
Universitário Barão de Mauá), Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Santo Amaro (atual Universidade de Santo Amaro – UNISA), Universidade de Mogi
das Cruzes e Universidade Federal de Pernambuco, envolvendo seus diretores,
alunos e egressos"(CAMPOS, 2006).
"A atuação dos biomédicos
junto aos órgãos governamentais (Ministério da Educação, Ministério do
Trabalho), à classe política (Câmara dos Deputados e Senado Federal) e a busca
dos seus direitos culminou na Exposição Interministerial (Saúde, Educação,
Trabalho), que elaborou o Projeto de Lei nº 1660/75. Foi realizado um árduo
trabalho na Câmara dos Deputados por formados, acadêmicos e instituições de
Biomedicina. O referido projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados, com
emendas, e no Senado Federal foi substituído pelo de número 101/77, do então
senador Jarbas Passarinho, o qual possibilitava, além da regulamentação da
profissão de Biomédico, a profissão de Biólogo"(CAMPOS, 2006).
"Por exigência de forças
contrárias, foram introduzidas modificações no texto do documento, limitando
muito o espectro de atividades do profissional Biomédico. Diante da situação
difícil em que se encontrava a categoria, os líderes do movimento não tiveram
outra opção senão aceitar a imposição, saindo de uma discussão na esfera
política para entrar na esfera judicial, junto ao Poder Judiciário (Supremo
Tribunal Federal)"(CAMPOS, 2006).
"O resultado fez com que a
categoria surgisse forte e coesa, vendo sua pretensão materializada nas Leis
6684/79, 6686/79 (e sua posterior alteração com a lei 7135/83, que permitiu a
realização de análises clínicas aos portadores de diploma de Ciências
Biológicas – Modalidade Médica, bem como aos diplomados que ingressaram no
curso em vestibular realizado até julho de 1983); Decreto 88.394/83, que
regulamentou a profissão e criou o Conselho Federal de Biomedicina; e a Resolução
nº 86 do Senado Federal, de 24 de junho de 1986, ratificando acordo realizado
no Supremo Tribunal Federal, assegurando definitivamente o direito do
profissional Biomédico de exercer as análises clínico-laboratoriais"(CAMPOS, 2006).
"O Decreto nº 90.875, de
30 de janeiro de 1985,
a que
se refere a Lei 5.645, de 10 de dezembro de 1970. Art. 1º, incluiu no Grupo
“Outras Atividades de Nível Superior”, estruturado pelo Decreto nº 72.493, de
19.07.1973, com as alterações posteriores, a Categoria Funcional de Biomédico. Em
16 de junho de 1988,
a Portaria
nº 1.425, da Secretaria de Administração Pública, enquadrou o Biomédico no
Serviço Público Federal, aprovando as especificações de classe da categoria
funcional, código MS-942 ou LT-NS-942. Em 1989, foram publicadas as
Resoluções nº 19, 20, 21 e 22, do Conselho Federal de Biomedicina, criando os
Conselhos Regionais de Biomedicina da Primeira, Segunda, Terceira e Quarta
Região, respectivamente, tendo como objetivo atender os interesses da profissão
e incrementar a supervisão e a fiscalização do exercício profissional em nível
regional"(CAMPOS, 2006).
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| Fonte: <http://goo.gl/MgGsXc> |
"O símbolo do biomédico está cercado por um circulo de ornamentos que remetem a cadeia de
DNA, representando controle sobre os processos; a cruz verde representa a vida,
o microscópio (seu principal instrumento) representa o conhecimento biológico. Esse
símbolo representa a integração entre conhecimentos científicos de biologia e
medicina. Ele é composto por diferentes elementos que dialogam entre
si, e que constituem um único significado." (PORTAL DO BIOMÉDICO, 2015).

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